Olhos:
brilhantes da chuva que caiu
quando Deus me mandou beber.
Olhos:
ouro, que a noite me contou nas mãos,
quando colhi urtigas
e fiz arrepender as sombras dos Provérbios.
Olhos:
noite, que sobre mim resplandeceu, quando escancarei o portão
e atravessado pelo gelo invernoso das minhas fontes
saltei pelos lugares da eternidade.
Paul Celan, in "Papoila e Memória"
Tradução de João Barrento e Y. K. Centeno