No livro de Mishima (O Pavilhão Dourado, ver post + abaixo): O jovem narrador, Mozoguchi, estuda para ser monge - isolado e solitário, faz amizade com um outro jovem, o otimista Tsurukawa - porém uma fatalidade - o grande amigo é atropelado.
Sobre a morte do amigo:
"Como entender que nada restava senão cinzas? Quem poderia imaginar que esse corpo e esse espiríto, feitos exclusivamente para a luz, conseguissem descansar sob a terra de um túmulo? Nada havia nele, absolutamente nada, que indicasse um fim prematuro. Por nascença, ele estava imune a temores e aflições, não havia em Tsurukawa vestígio de qualquer elemento associável à morte. Talvez estivesse aí a causa dessa morte tão súbita. Tsurukawa, constítuido tão somente por componentes puros da vida, não possuía quem sabe meios para se defender da morte. Assim sua vida era frágil como a de animais de puro sangue. E nesse caso eu deveria aguardar uma amaldiçoada longevidade, ao contrário de Tsurukawa - assim me pareceu".
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in Palácio Dourado, p.140. Yukio Mishima. Companhia das Letras.
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