terça-feira, 31 de maio de 2011

Marian Drew_All that remains_2010







http://www.mariandrew.com.au/

Life in a Day_Trailer

Gustave Caillebotte + Santu Mofokeng


Gustave Caillebotte

Santu Mofokeng
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África do Sul_prisioneiros executam o "Pasvag". Tradição que remonta à limpeza dos navios de escravos do século 17.  Pasvag: cantar canções ao ritmo do esfregar.
*
A foto de Santu Mokokeng está na retrospectiva do fotógrafo no Jeu de Paume_Paris. Vi a foto dos prisioneiros e lembrei do quadro de Gustave Caillebotte... O ritmo do movimento, os gestos, a tonalidade, a perspectiva. As duas obras parecem uma conversa entre o fotógrafo africano e contemporâneo e o pintor francês e impressionista. E mais curioso: A retrospectiva de Santu Mofokeng acontece no Jeu de Paume... onde outrora eram expostos os... impressionistas.

http:www.santumofokeng.com/

http:www.jeudepaume.org/

domingo, 29 de maio de 2011

Bellini_Casta Diva_Norma_Caballe_1974 em Orange c/ um vento soprando...



....Acalma oh Deusa
Acalma tu, os corações ardentes
Acalma também,
acalma também o zelo audaz
Espalha sobre a Terra
Aquela paz
Espalha sobre a Terra
Aquela paz, que reinar tu fazes
Tu fazes no céu!

Hermano Vianna_Pós-indignação

Interessante perceber a coincidência, quando abri os jornais do dia 18: na “Folha de S. Paulo”, Marcelo Coelho escreveu brilhantemente sobre a moda do politicamente incorreto e, aqui no Segundo Caderno, Francisco Bosco lançou seu manifesto “tô fora” contra a busca desesperada, cada vez mais dominante em certo debate de ideias nacional, por polêmicas. Há tempos eu planejava um texto semelhante, comentando o mesmo fenômeno, pois considero os sucessos tanto do “politicamente incorreto” quanto das “polêmicas” sintomas de um problema mais profundo e triste.

Já esbarrei nesse assunto quando citei outra coluna da “Folha”, de Contardo Calligaris: “Ora, a indignação é a forma mais barata de inteligência: ela substitui a complexidade pela irritação dos humores.” Claro, conheço também o sucesso que o livro francês “Indignai-vos”, de Stéphane Hessel, tem feito mundo afora. E sei que, no Brasil, há motivos de sobra para ficarmos indignados. Mas indignação não basta por si só, nem pode ser pensada como finalidade da ação política/moral. Ela só faz sentido se for o início da ação, que crie soluções e novas maneiras de transformar o mundo. Quem abre o Twitter, ou quem lê cartas de leitores dos jornais, pensa que o Brasil é terra de indignados. Mas isso não quer dizer politização. A indignação brasileira atual muitas vezes é apenas o exercício da maledicência. Um jogo bobo: sou mais corajoso, nado contra a maré, pois falo mal de todo mundo. E tudo fica como era antes.

Somos, sim, geração formada direta ou indiretamente por Paulo Francis — ou pela caricatura de si mesmo que ele inventouHá cada vez mais seminários e mesas redondas no Brasil. Muitos organizadores são bem-intencionados. Contudo, o espírito denunciado por Francisco Bosco (ele citou a seguinte recomendação de um mediador: “Podem polemizar, detesto mesas em que há consenso, em que todos dizem a mesma coisa”) realmente anda impedindo que os debates se tornem produtivos, ou mesmo surpreendentes. Ninguém discute nada, ou aprofunda nenhuma “questão”. A moda é a do show indignado: o expositor abusa do estilo bombástico já testado com outras palestras, falando mal de qualquer “poderoso”. A plateia adora. O efeito é catártico. Apaziguador. Bater palmas é suficiente, dever cumprido. Não é preciso fazer mais nada, além dessa manifestação barulhenta de indignação “solidária”. Então, bater palmas funciona, no final das contas, como lavar as mãos: o que vem daqui para a frente não tem nada a ver conosco, é coisa para os políticos decidirem e cuidarem por nós. A indignação se torna o caminho mais fácil. Ninguém quer saber de discursos complexos, argumentações entediantes para se acompanhar, levando em conta pontos de vistas diferentes. O público fica contente com slogans pseudorrevolucionários, com tiradas engraçadas, com frases destemperadas, do contra. A simplificação dá conta do nosso negócio, é o curto e grosso que nos satisfaz.

Assim se explica o sucesso tanto do politicamente correto quanto do politicamente incorreto. Os dois simplificam o mundo. Os incorretos viram Dom Quixotes lutando contra moinhos de ventos transformados em monstros pelas suas próprias cartilhas pretinhas básicas. Inventaram o mito de que o mundo é dominado pelo politicamente correto, e assim sua cruzada fica mais heroica. Francisco Bosco identifica outro mito que justifica muita indignação pré-fabricada: “Parte-se do princípio de que existe uma prática cordial no debate intelectual brasileiro.” Então multiplicam-se os indignados anticordialidade dominante. É uma estratégia de marketing: faz sucesso em blogs e em cadernos culturais que acham que polêmica vende jornal ou atrai visitantes. Algumas frases do texto de Marcelo Coelho foram tão retuitadas (autocrítica?) que já se tornaram ditados populares contemporâneos. Por exemplo: “Ser ‘politicamente incorreto’, no Brasil de hoje, é motivo de orgulho. Todo pateta com pretensões à originalidade e à ironia toma a iniciativa de se dizer ‘incorreto’.” Não é possível ser mais preciso. Apenas acrescentaria: muitas vezes os corretos também pensam que o mundo é dominado por incorretos e querem contrariar o espírito dominante. Contrariar para fazer sucesso (“só para contrariar”), ser querido, ser amado, ser fofinho (há muita fofura indignada por aí).

Onde tudo isso começou? Seria fácil dizer: Paulo Francis. Mas ele também era uma consequência, não a “causa” — mesmo com efeitos duradouros. Somos, sim, geração formada, direta ou indiretamente, por Paulo Francis — ou pior, pela caricatura de si mesmo que Paulo Francis inventou em seus últimos anos de colunista. Era divertido: esperar seu próximo texto para descobrir quem seria o espinafrado da vez. Até que aquilo ficou muito óbvio, e talvez por isso mesmo virou padrão, produção em série de jornalistas e blogueiros que acham charmoso não gostar de nada que acontece no Brasil, que ganham fama e tietes por serem indignados com tudo o que faz sucesso em nosso país, que deveria para sempre não ter jeito — se desse certo, do que iriam reclamar? Em seus textos, viramos tristes trópicos de verdade, cheios de exilados espirituais, que me dão enorme pena pois nenhum deles consegue construir carreiras sólidas nos lugares que veneram. Nem Paulo Francis conseguiu ser colaborador do “New York Review of Books”. Isso alimenta mais raiva. Mais indignação e maledicência. Como Francisco Bosco: tô fora. Nesta coluna falo bem do que acho bom, do que quero que dê certo. Totalmente pós-indignação.

O Globo_Maio_2011

Ron Mueck



http://pt.wikipedia.org/wiki/Ron_Mueck

Bruno Walpoth_escultura em madeira



http://www.walpoth.com/

Pessoa_Ricardo Reis_Segue O Teu Destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.


Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.


Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.


Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

4 x Carrie Schneider



carrie-schneider







http://www.carriescneider.net/

Bloom_issue 21

Cyprien Gaillard_The Recovery of Discovery

Recovery1

Recovery2

www.kw-berlin.de/cyprien-gaillard

Albert Watson



© Kahmann Gallery / Albert Watson_A modelo Leslie Weiner in Yohji Yamamoto_1989
Exposição do fotógrafo escosês em Amsterdã, Galeria Kahmann.

http://www.kahmanngallery.com/

Cenário: Lucia di Lammermoor_Rio_Maio_2011

  foto André Nazareth
Imaginei um penhasco, uma falésia, a ruína dos castelos onde vivem os personagens da ópera de Donizetti. Depois vi essas imagens na costa da Irlanda. Conta a lenda que um gigante para chegar na Escócia construiu com rochas esses "degraus".
A ação de Lucia se passa na Escócia.
*
Lucia e a vertigem do amor
Lucia é uma heroína moderna, às avessas. Decidiu amar numa época onde o amor ainda não tinha sido inventado tal qual Hollywood o consagrou com direito a final feliz.
O terreno onde habita essa Lucia é labiríntico, causa vertigem; cheio de altos e baixos, profundezas, alturas e abismos. Estamos numa falésia, numa ruína, no fundo do poço ou prestes a decolar.
Dependendo do plano em que nos encontramos somos grandes ou mínimos – as competições ou mesmo a política nos ensinam isso.
O amor (invenção romântica) é a possibilidade de nos colocarmos no mesmo plano que o outro; nem sempre conseguimos. O desencontro é o drama. A impossibilidade é a tragédia. Lucia conhece todos esses patamares e degraus.
O amor existe ou é ficção? Criamos um enredo e num novelo nos embaralhamos?
Lucia se perdeu na novela que criou para si mesma? Ou queria exatamente isso, se perder?
Lucia é uma revolucionária e uma ficcionista. Inventou amar e elaborou para si uma tragédia cheia de sangue. Na história que teceu, se morre de amor, se falsificam cartas e existem fantasmas. Sim, eles são reais para ela assim como o paraíso e a harmonia celestial. Ela acredita nos juramentos e nas promessas.
A trama de Lucia é feita de melodias e também de palavras, mas ela adverte cantando: o que se sente não se diz, ou seja, o que se sente se canta!
Lucia vive ferozmente, mas tudo à sua volta, ou pior, ela mesma, pode a qualquer momento desabar. Lucia vive num castelo de cartas.
Lucia é feita de vertigem, é uma taça de cristal ou uma flor aberta cheia de pólen, mas para ela água também pode ser sangue.
Lucia vê a vida como uma música cheia de altos e baixos. Ela está presa num jogo macabro onde o amor apesar do sofrimento contém também alguma beleza ou mesmo uma promessa de eternidade.
Resumindo: como diria o personagem de Edgardo, apesar do vazio e da queda, as almas ainda podem se enamorar.
*
A. R._Texto para o programa.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Thiago de Mello_A Fruta Aberta

[...]
Grandes coisas simples aprendi contigo,
com o teu parentesco com os mitos mais terrestres,
com as espigas douradas no vento,
com as chuvas de verão
e com as linhas da minha mão.
Contigo aprendi
que o amor reparte
mas sobretudo acrescenta,
e a cada instante mais aprendo
com o teu jeito de andar pela cidade
como se caminhasses de mãos dadas com o ar,
com o teu gosto de erva molhada,
com a luz dos teus dentes,
tuas delicadezas secretas,
a alegria do teu amor maravilhado,
e com a tua voz radiosa
que sai da tua boca
inesperada como um arco-íris
partindo ao meio e unindo os extremos da vida,
e mostrando a verdade
como uma fruta aberta.


A Fruta Aberta_Sobrevoando a Cordilheira dos Andes_1962

Dis, quand reviendras-tu?_Barbara

Dan Wilton



www.danwilton.co.uk

Holger Niehaus



http://www.vanzoetendaal.nl/holgerniehaus/

Cézanne + Cy Twombly



terça-feira, 24 de maio de 2011

Cy Twombly_Photographs







luz + atmosfera + naturezas mortas ou quase.
www.pinakotek.de

Maciek Pozoga

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http://maciekpozoga.com/

da série Sunset Over Serotonin