terça-feira, 17 de agosto de 2010

Bandeira 2

1.
Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo,
quero apenas contar-te a minha ternura.
Ah, se em troca de tanta felicidade que me dás,
eu te pudesse repor,

- Eu soubesse repor no coração despedaçado
as mais puras alegrias de tua infância!

*

2.
O último poema
Assim eu quereria o meu último poema:
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais.
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas;
que tivesse a beleza das flores quase sem perfume;
a pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos;
a paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
*
Manuel Bandeira