No dia em que fui mais feliz,
Eu vi um avião
Se espelhar no seu olhar até sumir.
De lá pra cá, não sei.
Caminho ao longo do canal.
Faço longas cartas pra ninguém.
E o inverno no Leblon é quase glacial.
Há algo que jamais se esclareceu:
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo,
O leão que sempre cavalguei.
Lá mesmo esqueci que o destino,
Sempre me quis só -
No deserto sem saudade, sem remorso, só.
Sem amarras, barco embriagado ao mar.
Não sei o que em mim,
Só quer me lembrar,
Que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois,
Pouco antes de o ocidente se assombrar.
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Inverno de Adriana Calcanhoto/Antonio Cícero
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amo "faço longas cartas"; amo "fazer" cartas, assim como amo o "leão que sempre cavalguei"... amo tudo nestes versos: vejo até o avião, o olhar espelhado, o destino no deserto barco embriagado ao mar... e "o destino sempre me quis só"? O Romantismo inteiro poderia formular melhor questão?
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e no post abaixo, o Inverno Romântico por excelência: