Leonora:
"Compreendo Tasso;
seu olhar não vê essa terra,
sua audição capta a consonância da Natureza.
O que a história nos oferece,
o que a vida nos dá, ele colhe:
seu espírito reúne a diversidade
e seu coração anima a matéria.
Ele enobrece o ordinário,
e aos seus olhos o que apreciamos não é nada.
O homem maravilhoso nos convida a caminhar
ao seu lado, e a dividir;
quando parece se aproximar, à distancia se detém,
parece fixar-nos mas são espíritos o que vê.
(...)
Não é a nós que ele ama – perdoe se o digo!
Em todas as esferas ele recolhe o que ama,
Transportando-o para um só nome, o nosso,
para que possamos dividir o que ele experimenta;
acreditamos amá-lo, mas só amamos o
ideal que podemos amar."
Na imagem, Tasso declama seu poema para as Leonoras...Adoro também uma das falas finais de Tasso, quando já é considerado um louco:
Tasso:
"Sou miserável como pareço? Fraco como se vê? Tudo está perdido? A Terra terá tremido? Não, tudo está aqui, e eu não sou mais nada; perdi-me perdendo a princesa."
Na pintura de Luigi Mussini (1813 – 1888) Tasso lê seu poema para Leonora D'Este.
Este trecho final cito no meu livro, Sr. R:
"A natureza deu-nos as lágrimas, o grito de dor, quando o homem, no fim, não suporta mais - mais ainda, ela me deu, para lamentar esse abismo de miséria, a melodia e a linguagem; e se o homem cala sua dor, um deus permitiu-me dizer o que sofro."
Na imagem, Tasso repreendido pelo Primeiro Minsitro do Duque.
traduzi a partir da versão francesa de Bruno Bayen - fui assistente de Bruno numa montagem desta peça em Paris (1989), numa produção da Comédie Française com Muriel Mayette, Catherine Hiégel e Marcel Bozonnet. Muriel hoje é a "presidenta" da Comédie.