segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Pedra

Maurízio Catellan
*
Deus de vez em quando me castiga. Me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra. Mas o certo não é ver a pedra quando pedra é o que há? Se olho para uma pedra e vejo outra coisa é porque meus olhos estão perturbados. Pois é isso mesmo que a poesia faz: a gente olha para a pedra e vê uma outra coisa que não está lá. Isso que a gente vê na pedra não está na pedra, está dentro da gente, na alma. (...) A poesia é uma alteração da percepção visual. Chego a temer que, algum dia, ela venha a ser classificada como droga alucinógena…”
*
Adélia Prado