sábado, 6 de março de 2010

Prefiro rosas, meu amor, à pátria

Prefiro rosas, meu amor,
à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.

Logo que a vida não me
canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.

Que importa àquele a quem já
nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,

Se cada ano com a Primavera
As folhas aparecem
E com o Outono cessam?
E o resto, as outras coisas
que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?

Nada, salvo o desejo de
indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
*
Ricardo Reis ou Fernando Pessoa
*

*
Jaap Scheeren
*