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Entrevistei para o meu documentário "Brasil, Japão, Vidas e Formas" a japonesa Haruka Kojin; ela cria colagens tridimensionais lindas e multicoloridas. A artista me explicou - através de uma tradução simultânea meio bizarra - que se inspirou para uma de suas obras, em fotos noturnas feitas na chuva. O flash daria uma outra corporeidade às gotas. Na hora da entrevista não entendi a tradução. Depois, na edição, não conseguia, junto a um outro tradutor, compreeder o que ela estava querendo dizer. Quase dois anos depois, ontem, quis fotografar durante um dilúvio, a minha rua que se transformava com tanta água, num canal veneziano e o flash fez brilhar as gotas da chuva. Imediatamente lembrei de Haruka Kojin e acho que entendi o que ela quis dizer. Acho. A relação não parece tão evidente, mas ao vivo, a obra dela trabalha uma sobreposição de planos que faz lembrar as gotas da chuva iluminadas pelo flash.
Talvez seja isso que ela tenha tentado me explicar. Parece simples, mas em japonês pode ser bem complexo.