(...)Apicius (Roberto Marinho de Azevedo) fazia o que queria com as palavras: temperava, adoçava, salgava no ritmo do seu humor. Sabia criar cenas de vaudeville ou conversas filosóficas diante de um ensopadinho. Inventava personagens fazendo dos restaurantes o palco para ironias finíssimas. Fala de um restaurante falando da vida: “É uma casa e, como todas elas, coisa muito confusa. Há mãe, filhos, geladeira, criados, falta de gelos e tumultos variados. Mas há uma comida de qualidade que poucas vezes tenho provado. E há uma gentileza de família, feita de ineficiência e calma...Aqui no Rio gostamos de ir a restaurantes vistosos, que nos façam nos sentir importantes. Ainda não aprendemos que o prazer brota da simplicidade e que o bom humor, o bom gosto e as boas maneiras são parentes que foram educados nos colégios da calma e da despretensão.” Acho que esse restaurante acabou mas as crônicas de Apicius estão em algumas coletâneas publicadas, entre elas “Confissões Íntimas” editado pela José Olympio Editora e um de seus livros de poesia chama-se “A Baleia” (Companhia das Letras) onde ele diz: “Daqui a pouco tudo acaba / A paixão e a cerveja. Secam as lágrimas /Pára o vento./ E voltam os dias.”