Muitas vezes quando queremos elogiar a beleza de uma cena na vida real dizemos: “parece uma pintura!”. A cena de, por exemplo, Visconti parece muitas vezes saída de uma pintura (ou vice-versa). Esse redemoinho de códigos é um dos méritos dos figurinos de filmes como Gattopardo. O mago figurinista Piero Tosi que acompanhou Visconti de Belíssima até O Inocente é um dos responsáveis pelo caráter de elegância e primor atribuído ao selo Visconti de qualidade.
Mas os figurinos de Visconti não foram feitos para enfeitar: as listras “nave” do menino Tadzio, provocação à la Querelle ou Gaultier avant la lettre, mostram que o figurino assim como a luz e a música são letras fundamentais no alfabeto do cinema – eles inventam significados.
O figurino de Tosi/Visconti inventa “uma memória”.
Morte em Veneza
Muitos anos atrás numa livraria em Torino encontrei o livro “Piero Tosi Costumi i Scenografie” (Ed.Leonardo Arte). Virou minha Bíblia. Tudo nele é moderno e clássico ao mesmo tempo. Tudo é pintura!
Este (incrível) livro encontrei sem buscá-lo (ele que me achou). Prefiro que um livro me ache que o contrário. Seja na Amazon ou numa esquina do mundo. E Visconti me achou e nunca mais nos largamos.