sábado, 16 de outubro de 2010
Poema para uma foto só
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Antigamente umas poucas fotos representavam uma pessoa.
Baudelaire e Rimbaud, por exemplo, foram eternizados em muitos versos e poucas imagens.
Essas duas fotos - e mais algumas poucas - são retratos emblemáticos de gênios que a humanidade (culta) conhece e reconhece.
Antes da fotografia, a pintura e a escultura davam o recado para a posteridade de como poderia ser o rosto de Jesus, Platão ou Cleópatra, personagens pré-Kodak.
Milhões de fotos, hoje, fazem stop motion do cotidiano de célebres e anônimos via aparelhos telefônicos e camêras em profusão e rede.
Vemos, revemos múltiplas identidades de individuos de mil faces. Se não estiver bem numa foto: - deleta - faz outra - outra - deleta - outra - me envia - copia - retoca - outra - deleta - outra.
Se eu tivesse direito a apenas uma foto? Uma só promessa de eternidade?
Combinado - prefiro assim - aceito apenas uma foto, uma só, uma única foto. Acordei no singular.