A mesa de madrugada está posta.
Quase: ainda no esboço. Faltam dois copos
uma xícara, todas as facas e colheres.
Quem pôs assim parou: sono, falência
desânimo. Talvez durma também inter-
rompida no linho do sonho, lá em cima.
O escuro comeu uma perna, um braço e
meio, deixou intacto o tronco, um pouco
do rosto. Na toalha da copa, no lençol
do quarto, a noite parou para o dia vir
tentando completar o trabalho e o corpo:
todo dia seguinte é a morte e a manhã.
in Lar,_Companhia das Letras