É maravilhoso despertar
juntas
No mesmo minuto; maravilhoso
ouvir
A chuva começando de repente
a crepitar no telhado, 
Sentir o ar limpo de repente
Como se percorrido pela
eletricidade
Numa rede negra de fios no céu.
No telhado, a chuva cai,
tamborilando, 
E cá embaixo, caem beijos
brandos. 
Uma tempestade está  chegando ou indo embora;
É o ar carregado que nos
desperta.
Se um raio caísse na casa
agora, desceria
Das quatro bolas azuis de
porcelana lá no alto, 
Se espalhando pelo telhado e
os para-raios a nossa volta,
E imaginamos sonhadoras, 
Que a casa inteira, uma
gaiola de energia elétrica, 
Seria muito agradável, e nada
tétrica.
E do mesmo ponto de vista
simplificado
Da noite, e de estar
deitadas,
Todas as coisas poderiam
mudar com igual facilidade, 
Pois por esses fios elétricos
negros
Seríamos sempre alertadas. Sem
surpresa, 
O mundo poderá virar algo
muito diferente.
  Tal como o ar muda ou o relâmpago cai sem
piscarmos, 
Como estão mudando nossos
beijos sem pensarmos.
in Poemas Escolhidos de Elizabeth Bishop_Seleção, Tradução e Textos Introdutórios de Paulo Henriques Britto_Companhia das Letras